10 agosto 2015

Quando eu dei uma segunda chance para o amor

Foram anos de trabalho árduo, em busca de uma maneira que me permitisse evitar sentir o amor. Foram noites sem dormir, tentando construir uma barreira para afastar à todos que ousassem se aproximar. Anos sem derramar uma lágrima de tristeza ou de alegria. Vivia na minha eterna "bolha", pois preferia me sentir vazia, do que correr o risco de ter o coração partido novamente. Só que nem sempre as coisas saem conforme o planejado. Eu não esperava que em uma noite, algumas cervejas e um sorriso depois, todo o meu trabalho iria por água à baixo. 
Não esperava que toda a minha vida fosse mudar de uma hora pra outra, o que eu senti naquela fração de segundo, onde a boca dele se abriu em um largo sorriso, eu não conseguiria explicar nem em um milhão de anos. O meu foco se direcionou todo pra ele, era como se ele fosse o meu ponto de gravidade, eu não conseguia controlar as batidas do meu coração e nem conseguia manter minhas pernas firmes. Na hora eu não senti paixão ou amor, mas eu sabia que aquele homem iria mudar toda a minha vida. Ele chegou como um furacão, invadindo tudo e mandando todas as minhas barreiras e armaduras para o espaço. Me olhou com outros olhos e fez eu ver a vida da maneira mais bonita que possa existir. Me ganhou no primeiro olhar e fez meu coração amolecer no primeiro beijo. Quando eu vi já era tarde demais e eu estava completamente apaixonada por aquele sorriso. Mesmo que tudo seja incerto, mesmo que todos os nossos planos não se concretizem, o que ele me proporciona é uma das maiores riquezas do mundo. Me permite ser eu mesma, me arranca sorrisos, aquece e acalenta o meu coração, me dá colo e desperta coisas maravilhosas em meu ser. Hoje eu aprendi a dar valor pro que realmente importa, hoje eu sei o quão é importante amar e isso ser recíproco, entendi que é fundamental sempre dar uma segunda chance pro amor, porque as vezes isso pode te surpreender positivamente. Aprendi que é melhor correr o risco de ter o coração partido, do que viver com medo de se entregar e ficar na indecisão se podia ou não dar certo. Hoje ele é uma parte de mim e aquilo que era escuridão foi invadido de luz.

Bárbara Martins.

16 junho 2015

Leveza

Sobre te amar e te aceitar com todas as tuas qualidades e defeitos. Te aceito por completo, com todos os teus medos, fardos, inseguranças e histórias. Te aceito sem querer te cobrar nada, sem te cobrar um compromisso ou uma responsabilidade e isso não significa que eu não me importe ou goste menos de ti, por não andar que nem uma louca atrás de cada passo que tu dá e te colocando na parede, exigindo explicações do atraso de 5 minutos do último dia ou porque tu não fica online o dia inteiro pra conversar comigo. Pelo contrário, isso só comprova o quanto eu gosto de ti por completo na forma mais pura e verdadeira, pois confio em ti e me entrego sem pedir nada em troca.
Gostar de ti me fez ver tudo de uma outra maneira, fez tudo ser mais fácil, mais leve e é isso que a gente têm, que faz com que seja diferente de tudo que eu já senti. 
Não te ver todos os dias da semana, não vai me matar ou ser o fim do mundo, na verdade é até bom, dá saudade e faz eu esperar ansiosamente pra te ver de novo. Não falar contigo 24 horas por dia, não faz eu pensar que tu não gosta mais de mim ou que tu tá falando com outras por isso não tais me dando ''atenção'', sou bem grandinha, sei dos compromissos que tens, do mesmo jeito que acredito, que se falar 24 horas por dia e se ver 7 dias por semana, não é saudável, na verdade é doentio e isso é quase uma alavanca para fins de relacionamentos. Não que falar contigo 24 horas por dia e te ver 7 dias por semana, vai ser terrível ou que eu não gostaria nenhum pouco disso, pelo contrário, acho que seria ótimo fazer isso, passar uma semana juntinhos, conversar o dia todo, mas não sempre e graças a Deus, eu sei que tu concorda comigo nisso. Compreensão é um benção. 
Hoje em dia, as pessoas sentem necessidade de viver umas pras outras, de achar que têm direitos na vida da outra pessoa, que podem proibir ou exigir algo, eu não aceito que façam isso comigo e nunca faria isso contigo ou com qualquer outro. Cada um têm a sua vida, uma vida individual, na minha humilde opinião, nem quem é casado tem o direito de mandar na vida do outro. Creio que as pessoas pecam no excesso e esse excesso é a insegurança. Não preciso te cobrar nada, te pedir nada, te proibir de algo, viver a minha vida pra ti e esperar que tu faça o mesmo, pra saber o que eu já sei, que tudo isso é desnecessário e inútil quando existe confiança, uma coisa que na atualidade, está quase extinta, por isso as pessoas têm medo e acabam cometendo erros terríveis, achando que sendo mais possessivos ainda, vão conseguir consertar algo. Antes de cometer todos esses erros, elas esquecem do essencial, que é aprender a confiar. Não falo isso como se eu fosse a mestra da confiança, como se eu tivesse a vida toda confiado em todos os caras com quais me relacionei, mas é que é diferente, sabe? Tu me transmite uma confiança imensa, eu acredito em cada coisa que tu fala, principalmente quando diz que nunca vai me decepcionar, mais do que acredito, eu sinto, EU SEI. E são esses pequenos detalhes que fazem uma enorme diferença, que eu quero preservar. Preservar essa confiança, esse carinho, esse cuidado, esse sentimento, essa cumplicidade.. Tudo isso que somando dá resultados incríveis. Pra que intitular em palavras, o que se auto intitula em ações? Gostar de ti faz bem pra alma e é isso que eu quero, continuar vivendo isso dessa maneira tão boa, que me transforma sempre no melhor que eu posso ser. Hoje eu te agradeço por ter permanecido, assim, tão leve, tão puro e ter me aceitado sem pedir pra mudar nada e ter gostado de toda essa bagunça que eu sou ou era.. E acima de tudo, agradecer por ter permanecido na minha vida, porque a gente pode durar só mais uma semana, um mês ou um ano, mas mesmo assim tu sempre vai fazer parte da minha vida, sempre vai permanecer e eu nunca vou me arrepender de ter te amado e sabendo que foi recíproco. 

Bárbara Martins.

14 junho 2015

Pai

Saudades de te dar todos os beijos e abraços que eu não pude. Saudades de dizer "eu te amo" enquanto ainda havia tempo e eu tinha consciência do que essa frase significava. Saudades de tudo o que eu não vivi contigo. Saudades de ouvir o som da tua voz e de todos os beijos de boa noite. Saudades do teu olhar calmo e sereno, da tua completude, do teu carinho e cuidado comigo. Saudades de te sentir presente, te sentir por perto, sentir teu cheiro e o teu toque. 
Até a pouco tempo, eu não tinha noção da imensidão desse amor, não sabia o quanto isso significava e o tamanho da lacuna que ia se instalar em meu peito. Saudades de todos os momentos que eu não tive a oportunidade de viver contigo. É uma saudade que me tortura e me causa uma nostalgia angustiante. Já se vão 15 anos que tu partiu e me deixasse aqui, sem os teus conselhos, tua ajuda, teu apoio.. Ficar imaginando como teria sido a minha vida com a tua presença, não muda os fatos e nem te trás de volta. 
Ultimamente eu tenho sentido tanto a tua falta, que eu não consigo por em palavras e acaba saindo um texto assim, embaralhado e confuso, mas é que cada vez eu preciso mais de ti, pra me orientar nesse caminho que tu, melhor que ninguém conhecia como a palma da mão.. Fiz esse texto só para colocar pra fora, tudo o que estava me sufocando, sem frases elaboradas e palavras complicadas, não é pra ser um texto bem escrito ou bonito e sim sentido. Pai, eu vou te amar até o fim da minha vida e em todas as outras que eu tiver. Eu sinto tanto a tua falta, que agora mesmo eu consigo imaginar e quase sentir, tua mão no meu ombro, falando que tudo vai dar certo e tu vai ta sempre aqui.

Bárbara Martins.

08 maio 2015

O amor pela escrita

Aquilo que sai de mim como um furacão, devastando tudo o que vê pela frente. Aquilo que eu faço por amor, por prazer, por tesão, por vontade. Escrevo pra não enlouquecer, não sufocar, não engasgar, não me deixar sucumbir. Escrevo pra não asfixiar, não explodir, não implodir, pra continuar respirando. Escrevo porque é isso que amo. A escrita é a minha maior fonte de energia. E eu vim ao mundo para ser lida.

Mas escrever é ter coragem. Coragem para gritar aos quatro cantos tudo o que está sufocado. Escrever é ter coragem de expor ao mundo, a alegria explosiva em colocar pra fora o que a imaginação berra aqui dentro. Escrever é se auto ler e se auto interpretar. Deixar que a euforia da imaginação exacerbada, seja admirada por outros olhos. Escrever pros outros é ótimo, mas escrever para si é melhor ainda. 

O sentimento quando se tem um bloqueio e não sai nenhuma linha se quer, é desolador. Mas ai é só ler alguns textos, ouvir certas músicas, ver coisas inspiradoras, que em questões de segundos aquilo te invade e vai tomando conta de ti, e quando se percebe já está na vigésima linha, com uma inspiração absurdamente assustadora. E esse é o melhor dos sentimentos, causa uma alegria inimaginável. 

Quem escreve fica em êxtase com cada linha escrita, cada frase bem formulada e cada trecho que se deixa tocar na alma. Cada elogio recebido que chega tímido, mas que por dentro o auto ego se vangloria de orgulho. Escrever pra mim é uma droga, das fortes, daquela que trava, que me leva à lugares surreais e que só de imaginar ficar um dia sem escrever, me causa uma abstinência terrível.

A escrita impregnou no meu corpo, nos meus poros e na minha alma. Tomou conta de mim e me dominou por inteira. Eu gosto da sensação que a escrita me oferece, que me transporta para mundos mais suportáveis, que me desperta sentimentos cheios de amor e me proporciona uma paz jamais sentida. Escrever está ligado com o amor, com a paixão, por mais que eu escreva sobre morte, eu ainda estarei escrevendo por e sobre o amor. 

Porque são esses amores ao longo da vida, que me fazem escrever sobre essa paixão incontrolável, esse desejo incessante, essa loucura que consome e esse amor milenar pela escrita. Para quem escreve, os textos são pedaços de si mesmo. É como arrancar lá do fundo, cada pedacinho que incomoda e suplica para ser repaginado. É deixar fluir pelas mãos, uma vida e um mundo novo. 

É remodelar, recriar e reinventar histórias. É contornar as cicatrizes, tapar os machucados e preencher os vazios. É permitir tudo aquilo que está reprimido. Escrever vai além do que se pode enxergar, a gente nunca ta sozinho quando escreve. Estamos compartilhando um universo pessoal, para várias vidas. Ofertando um lugar melhor, onde seja um ponto de união para todos os que se sentem sozinhos. Escrever é curar a solidão do mundo, o mundo que existe em cada pessoa. 

É por essas e outras, que a escrita sempre estará em primeiro lugar na minha vida. Não adianta pestanejar ou contestar, é isso e pronto. Eu vivo sem qualquer coisa, mas eu não vivo sem escrever. Sorte de quem tem um escritor em seu cotidiano e pode ter o privilegio de ter os dias mais leves e suaves. Escrever é por pra fora, o que a alma suplica e a boca não tem coragem de dizer. 

Bárbara Martins.

04 maio 2015

Deixar

Deixar o vazio ser preenchido, arrumar o caos e por tudo no lugar aqui dentro. Essa é a meta pra vida. Permitir ser tocada tão a fundo, que desperte os sentimentos sufocados. Deixar que alguém analise a alma e saiba não só ler, mas interpretar o meu interior. É uma guerra sem fim, entre sentir ou não. 
Deixar o medo pra trás, a insegurança de que a história se repita e arriscar sempre mais uma vez. Quebrar, juntar os cacos e colar de novo. Suportar os baques da vida, e ir em frente. 
Deixar o passado passar, se abrir pro presente, para poder se entregar no futuro. Dar valor antes que tudo vire pó e o remorso nos acompanhe. 
Desejar alguém com todas as forças e se deixar ser fascinada pelo abismo da incerteza do destino. Deixar alguém abrir meu peito sem anestesia e tocar no meu coração. Provar para mim mesma, que todo mundo precisa ser amado pelo menos uma vez na vida. Ser ciente de que a vida é constante e passa rápido, e que apesar de ser clichê, porque deixar pra amanhã o que se pode falar e fazer hoje? Um segundo e tudo muda. 
O problema é que o ser humano é burro, sempre espera perder para dar valor e se dar conta da importância das coisas. Esquecem, que as vezes é necessário se afastar do papel, para poder enxergar o desenho com mais clareza. 
Certas coisas vem sem aviso prévio e nunca sabemos quando será a última vez. A única coisa que é certa, é que nunca teremos certeza se vamos ter outra oportunidade para falar tudo o que sentimos. Por isso vivo cada dia como se fosse o último, contemplo, analiso, memorizo e dou valor para cada segundo, porque eu sei que o amanhã é incerto e que a probabilidade das pessoas sumirem das nossas vidas é gigante. 
Se reerguer sempre e ter forças para continuar independente de tudo.

Bárbara Martins.

03 maio 2015

Feridas

"Ali imposta, quase feia, nada simétrica. Ele carrega pra lá e pra cá isso que chama serenidade mas é só mais um conformismo barato. Duro. Penoso como todo fingimento de novela mexicana, mais inacreditável que prêmio da Mega Sena ou quem se diz entendedor de mandarim. Nunca à vista de primeira, talvez ainda latente e pronta pra existir, porém: em quase cicatrizada. A casca se criou feito um escudo invisível e fecha o peito todo, desarma os movimentos, cria desculpas esdrúxulas, quebra serendipidades em instalação. É sempre feia e autoimune, amostrada do pior e esquecida do beijo decente, do gozo fácil, das conexões todas tão gratuitas e sinuosas; genuínas. Dessas de fazer parar o bar e fitar os olhos e sair da boca sem controle uns dizeres tipo “mas parece que a gente se conhece há um milênio” – pra depois chegar em casa e umidificar ainda mais o mofo interno para que cresça, não pare, deixa na mão esse limbo não, vai. 

E dia após dia, a casca se fortifica. Ninguém deixa que o outro cutuque de leve pra ver se cai assim, num puxão. Nesses minutos em que uma mão, qualquer uma, se aproxima e a gente teme o mundo por ficar tão exposto de novo a taquicardia ataca mas o medo é sempre mais, sempre rei. A gente vaga pelas ruas como se não visse as crostas alheias, tão cheias de talvezes e ses e cuida da própria ferida de estimação pra que cure eternamente e nunca mais se abra, ainda que isso signifique um tédio from hell. Malucos os que se deixam sangrar mais de duas ou três vezes por ano, são doentes aqueles que sofrem por nunca tocar ninguém tão afundo apenas porque nem flecha de cupido e tampouco boa vontade ou alguma centelha prendem os que já tiveram a parte vital do corpo triturada. As pessoas se orgulham de suas crostas emocionais cheias de colagens malfeitas de encontros furtivos e nenhum apego, lembranças embaralhadas sem data concisa, um vazio melhor que o cheio caótico de querer perto, gostar do cheiro, ser escravo da pele.


É engraçada a secção que se cria entre quem já está quase curado de alguma paixão nocauteadora e aqueles que ainda se escondem atrás de doses de álcool, trabalho excessivo, rudeza calculada. É uma colisão e tanto quando mesmo pertencentes ao mesmo mundo, ambos chocam seus momentos e tudo se parte sem nenhum adeus ou "a gente se fala" mal dito apenas pra amortecer o tombo. Por favor, que nada nos toque, que deus livre a nossa cara fechada de se abrir porque alguém sorriu cheio de luz do outro lado da rua, das nossas certezas, desnudo de uma pele já morta pela falta do sentir. Um repente e logo dá pra chegar em casa com brilho na pele e a leveza de flutuar embaixo dos pés. A casca também é peso, e quando por fim rui é possível ir até Paris de nuvem em nuvem, voar.


A ferida um dia abre e é mais maravilhoso que ver desabar as gotas que caem do céu em épocas de seca. Chega uma hora em que a gente cansa de afastar perigos humanos e esquece de trancafiar a sete chaves e sem aviso prévio ou demissão, passa-se fácil de ex-defensor do não-romance a um apaixonado irreversível. A casca é temporária e essencial: só se trancafia por determinado tempo quem pretende se desobstruir mais tarde. Mágico é quando o escudo sem querer escorrega, já calejado feito casca que acompanha o ritmo da água no banho: temos de novo as mãos livres, o coração limpo, dá até vontade de ir viver e não se fechar nunca de novo no rebuliço interno de machucados tão feios na intenção de assustar o outro. De repente alguém dá um selinho e sara, nem se nota mas tem dias que a loucura alheia nos suga pelo ralo e lá se foi toda uma proteção tediosa e previsível. É pegar a chance de dançar num cometa ou largar num canto essas pessoas que passam pela vida da gente de rotas em rotas da Terra pelo Sol. Mesmo em ruínas, eu opto pela aventura - sempre. Nunca mais bocejei."
 

Camila Paier.

Se afogar nos próprios sentimentos

E de repente a dor se instala e a vontade de fugir e começar do zero predomina. Quantas vezes é preciso passar pelo sofrimento, para aprender a aceitar que existem pessoas que entram na nossa vida, não para permanecer e sim para acrescentar, nos fazer evoluir e depois partirem. Como convencer o coração de que certas coisas tem que ir embora? Como ensinar a alma a se refazer de novo?   
Será que é melhor agir feito uma covarde e deixar tudo pra trás, sufocar todos os meus sentimentos de novo e trancafiar a minha alma, ou tentar mais uma vez, levantar a cabeça e seguir em frente? 
Era tão mais fácil não sentir nada, com o meu vazio eu sabia lidar, já com esse turbilhão de sentimentos eu não sei. Chega a ser irônico, passar anos construindo e aperfeiçoando armaduras e barreiras para ninguém chegar perto e ai vem ele, com um simples sorriso e derruba tudo. 
Parar pra pensar sobre o fim de todos os ciclos da vida, é doloroso. Porque a gente sente falta do beijo de surpresa, do abraço apertado, do cheiro, das risadas, das brincadeiras, do sexo.. Sentimos falta do toque, da pele, dos olhares, da voz e cada momento bom insiste em passar como um filme, toda a vez que colocamos a cabeça no travesseiro. Não quero mais colocar as minhas expectativas em ninguém, nem em mim mesma. Só quero que a dor evapore, porque eu já passei por isso antes e eu sei o quanto isso destrói e corrói se a gente deixa infestar. Fugir ou não fugir, não vai me deixar mais forte e eu nem chamo isso de fuga, é só que continuar aqui se tornou insuportável. O dia em que eu virar as costas pra essa cidade, eu vou deixar tudo pra trás, daqui eu não quero levar nada, nem quem eu sou. A única coisa daqui que irá me acompanhar pra sempre, são as cicatrizes. 
E quem diria, eu que queria tanto transbordar, nos meus sentimentos eu acabei me afogando.

Bárbara Martins.

28 abril 2015

Me deixa ser o teu acaso mais bonito

Deita aqui do meu lado e deixa eu adormecer no teu peito. Deixa eu viver nesse mundo encantado dos sonhos, onde tudo é estável e permanente. Deixa eu te conduzir para o meu mundo e te guiar pelos meus labirintos mais secretos. Deixa eu te dar a chave do meu coração e o passe livre para o meu corpo. Penetra na minha alma e preenche as minhas lacunas. Me faz cafuné e deixa eu te contar dos meus planos. 

Toma uma cerveja comigo e divide um cobertor. Me empresta o teu ombro para que eu possa me escorar, enquanto leio algum livro do Bukowski. Abre os teus ouvidos para eu falar sem parar coisas bobas. Olha nos meus olhos e me desvenda inteira. Presta atenção nas reações do meu corpo, ao sentir o teu toque. Me conta dos teus medos, planos e sonhos. Compartilha comigo um pouco do teu tempo. 

Me observa de canto, me joga no canto e me beija em demasia. Acampa comigo no meio do nada. Vira uma noite comigo jogando vídeo game. Me pede carinho, que eu te encho de beijinho e ainda te falo que na vida ninguém é feliz sozinho. Vamos viajar sem destino, trilhar um caminho e no fim da noite eu te faço meu ninho. Deixa eu te desvendar e te descobrir. Deixa que tudo aflore naturalmente como tem que ser.

Respeita a minha liberdade e o meu espaço. Entenda que mesmo eu querendo ir conhecer o mundo, eu sempre vou querer te ter como meu porto seguro. Vamos dormir de conchinha, compartilhar o mesmo travesseiro e dividir a minha cama de solteiro. E que mesmo eu sendo um caso perdido, tu foi o meu acaso mais bonito. Deixa que eu adivinho tuas vontades, tento suprir algumas das tuas necessidades e te falo que o meu apreço cresce a cada dia mais por essa cidade.

Não quero passar a ideia de estar te sufocando ou te assustar com toda essa minha euforia relacionada à ti. Deixo bem claro, que a inspiração que tu me causa é surreal, conseguiria escrever um livro de mil páginas sobre ti sem ao menos fazer o menor esforço, porque fluiria instantaneamente e naturalmente. Passei tantos anos me repreendendo e me reprimindo, que agora que todos esses sentimentos despertaram e vieram à tona, eu não sei como lidar. 

Quero dar valor enquanto ainda te tenho ao meu lado, quero demonstrar o quanto és especial e importante. Quero cuidar desse sentimento, regar e fazer florescer. Quero apreciar cada momento, observar cada movimento, memorizar cada detalhe e gravar cada palavra. Escutar tua respiração ofegante, enquanto nossos corpos estão entrelaçados e ser conduzida por esse sentimento que eu não sei explicar o que é, mas que me inunda de paz.

Não acredita quando digo que gostaria de me afastar ou quando digo que não quero mais. É puro medo e insegurança, não deixa que eu fuja por temer uma coisa que eu criei na minha cabeça. Tenha paciência com as minhas pequenas crises e com a minha falta de noção de direção. Me provoca bebendo água e depois morde o lábio e dá aquela piscadinha pra mim, que eu me derreto toda.

Entenda que eu sou mais poesia do que mulher, que eu vivo em mundo que mesmo negando é repleto de sonhos e de amor. Que eu tenho na alma diversas cicatrizes, mas eu não guardo mais rancor. Que apesar de toda minha contradição, hoje eu vejo o mundo como um lugar bom. Que mesmo sendo perdida, foi nos teus olhos que eu encontrei a minha saída. E que querendo ou não, foi pra ti que eu me fiz inteira e deixei de ser repartida.

Bárbara Martins.

26 abril 2015

Nada é tão bom quanto te ver chegar

Aquele alguém que te despe a alma, que te encanta, te desperta, te transmite uma paz e te fazer ser.. Vem cá, me ouve com atenção e escuta o que eu não tenho coragem de dizer, lê as minhas entre linhas e minhas páginas em branco. Eu te quero na minha vida, não sei se pra sempre, pra agora ou pra depois, mas eu te quero. Não vou te implorar para que fique comigo e nem te cobrar nada.. Ah, na verdade só uma coisa, que enquanto estiver, seja inteiro. Não vou te falar nada além de “Se quiser ficar, tu que sabe.." Mesmo sabendo que tu odeia essa frase, mas já fique sabendo que eu gostaria que ficasse. E isso já diz tudo, sem muitas palavras, explicações ou porquês, é isso e pronto. Sem constatações. Gostaria que ficasse por milhões de motivos, mas principalmente porque é bom andar com alguém com fibra, alguém que também queira andar comigo, não na frente, não atrás e sim ao lado. Por ti, tratei de arrumar as coisas no meu peito, limpei os resquícios do passado e deixei tu preencher todas as lacunas. Não é como uma substituição, foi o começo de um novo ciclo. Precisava fechar um livro, para poder ler e me permitir gostar tanto de outra leitura. Virei a página e comecei a escrever a minha própria história. O imprevisto aconteceu e tu me encontrou, reencontrou, reinventou, re-encantou e recomeçou. Se eu for parar pra pensar nos motivos que fez eu me apaixonar por ti, eu não sei nem por onde começar.. Não sei se foi aquele teu sorriso da chegada, os teus olhos brilhantes, tua risada boba, tua paz de espírito, teu abraço aconchegante ou o teu beijo que encaixa tão bem com o meu. Mas eu sei que se tu me der a mão, eu pulo contigo, eu te acompanho. Eu sou certa que existem milhões de pessoas no mundo, que existem mais pessoas incríveis por ai, mas se eu fui me apaixonar logo por ti, tão de cara assim, isso quer dizer alguma coisa. Tu preencheu meu vazio, viesse quase me cegando com as tuas mil luzes dentro da minha escuridão, derretesse todo o meu gelo, aquecesse o meu peito e me aconchegasse num abraço quase sufocante que colou todos os meus pedaços. Era inevitável, eu sabia que ia me apaixonar por ti desde o primeiro momento que te vi. Tu pode perder a hora comigo, perder o sono, a única coisa que eu te garanto é que tu nunca vai perder o teu tempo. Não sei ser metade, não sei ser pouco, não me adapto bem a esse negócio de meio termo.. Gosto de coisas inteiras, coisas que transbordem, que inundem, que cheguem e me inalem de tudo que é bom que esse mundo tenha à oferecer. Te escrevendo eu vejo um mundo todo ao meu redor renascendo. Desde que tu chegou a minha alma é leve, o vazio que ecoava gritante, silenciou. Pra te falar a verdade, as vezes eu minto.. Tentando ser metade do inteiro que eu sinto. Tu fez os meus arrependimentos durarem pouco, me ensinasse que é bom ter coragem, sentir, tentar.. Porque tentar é arriscar e mesmo que tudo seja incerto, tudo na vida tem metade de chance de dar certo e a outra de dar errado, mas não é me reprimindo que eu vou descobrir isso. O que é que tu tem, que brilha tanto quando chega? O que é que tu tem, que quando chega ofusca todo o resto? Eu não queria me apaixonar, eu não queria gostar, eu não queria me envolver, mas tu apareceu e olha.. Eu quis tudo e hoje eu te digo, nada é tão bom quanto te ver chegar.
Bárbara Martins.

30 março 2015

Quando o amor morre

Esse é mais um texto da série: "O último texto que eu fiz pra ti." Já jurei várias vezes que seria a última vez que eu te escreveria, mas por ironia do destino, nunca é. Mas dessa vez é diferente, da última vez também era, mas eu não queria aceitar. 
Passei a vida inteira me perguntando como seria o nosso tão esperado e temido adeus, até que ele chegou e a sensação de alivio foi maravilhosa. Chegou o dia, em que não há mais a espera para te reencontrar de novo.
Sempre soubesse do meu sentimento por ti, desde o primeiro dia à 7 anos atrás, mesmo que eu nunca necessariamente tenha precisado falar. 
Todo mundo sabe da nossa história, das nossas idas e vindas na vida um do outro, da nossa estrada torta, que em cada curva insiste em se encontrar e desse destino maldito que se chama "nós". Mas "nós" não existe, nunca existiu. E isso não pesa mais em mim, não carrego mais esse fardo comigo.
Tu nunca me amou, se quer chegou a gostar de fato de mim, tu só voltava pela sensação de posse e quando batia a carência. Tu te sentia sozinho e sabia que eu nunca iria virar as costas pra ti. E tu estava certo, nunca virei e nem vou, mas agora é diferente, não irei virar pelo simples motivo de que, não se vira as costas para um amigo e meu amigo tu sempre foi, apesar dos apesares.
Ao contrário de ti, eu te amei, amei mais que a mim mesma, amei imensamente, incontrolavelmente, inteiramente e verdadeiramente. Te amei de um jeito que eu tinha a plena certeza que esse amor nunca iria morrer, ia se perpetuar, mas não foi assim e só hoje eu consegui enxergar melhor o passado e te ver lá sem querer te trazer pro meu presente e futuro. Essa tua última quase volta na minha vida, me trouxe uma sensação de paz e liberdade que fica impossível descrever. Dessa vez tu não teve poder nenhum sobre mim, não ocorreu nenhuma palpitação a mais ou se quer um friozinho na barriga. Foi indiferente, irrelevante. Não teve nenhum tipo de sentimento dessa vez, nem a saudade que costumava a me torturar dia e noite e ecoava na minha alma. 
Tu fez parte da minha vida, fez parte de toda a minha adolescência, fosse o meu primeiro amor no auge dos meus 12 anos, e hoje com quase 20, assumo pela primeira vez, que esse sentimento morreu. Morreu, mas não foi de um dia pro outro, foi sumindo aos poucos que eu nem percebi e nem sei dizer de fato quando acabou. Eu não carrego nenhum rancor ou mágoa de ti, a nossa história foi linda, mesmo que só exista essa história na minha cabeça. Tivemos bons momentos, muitas risadas, histórias compartilhadas, desabafos e sorrisos trocados. Mas tivemos também muitos momentos importunos e pesados, cheio de inseguranças, vazio e choros. Tivemos algumas noites também, foram poucas se conta em dedos de uma mão e ainda sobra, foram noites boas mas não me preencheram. Era tudo o que eu mais queria durante anos, quando enfim aconteceu, não mudou nada em mim.. Pelo contrário, foi mais indiferente do que um aperto de mãos com um estranho qualquer. Nesse momento eu era pra ter ligado os pontos e ter percebido que algo dentro de mim havia mudado, mas eu me negava a aceitar que algo assim pudesse simplesmente acabar, de um jeito tão morno, sem graça, sem sal.. Simplesmente evaporou. Que maneira mais chata de acabar um amor, que na minha cabeça seria "épico", não?
Creio eu que tu plantou tudo isso, não te culpo, afinal nenhum de nós dois fomos culpados por algo. Foi uma ilusão que eu criei sozinha, te dei amor esperando receber o mesmo em troca e esse foi o meu maior erro. Claro, já falasse coisas que de fato tu não sentia, fizesse o mau uso das palavras e isso acabava me enchendo de falsas esperanças, mas toda a dor que essa história me causou, foi porque eu permiti que isso em afetasse, pois eu já sabia lidar com tudo isso e não queria me arriscar, com medo de encontrar outro homem que fosse me ter desse jeito e eu acabasse me magoando de novo. Eu sabia lidar com a dor que tu me causava, mas uma dor nova? Deus me livre, não quero. Vou lá e vou me apegar ao passado. Esse foi o meu maior erro.
Alimentei uma história que já estava morta, insistia em dizer para todos ''eu amo ele, sempre vou amar, mas não me afeta mais." Mentira, o certo seria.. "Eu amei ele, não amo mais."*
Deixava tu invadir a minha vida quando bem entendesse.. Fosse o fator principal para o fim do meu namoro, pois tu sempre voltava e aparecia na minha porta, e eu sempre permitia tua volta e abria ela pra ti. Afastei vários homens que se mostravam realmente interessados, pois eu te trazia pra dentro de todos os meus pseudos-quase-relacionamentos. Perdi bons anos da minha vida, presa na tua sombra. Me tornei amarga, uma pessoa que apreciava a solidão, sombria.. Não deixava ninguém chegar perto e me tocar ao ponto de conseguir ocupar um espaço que era pra ser teu pra "sempre".. Fechei as janelas, tranquei a porta e joguei a chave fora.. Peguei um cobertor e me escondi embaixo da cama, ninguém podia chegar perto, eu tinha que afastar todos. Tinha medo de machucar, medo de começar um relacionamento e tu ressurgisse na minha vida, e medo de deixar alguém gostar de mim e eu retribuir esse sentimento e ter que aceitar, que o teu tempo já passou. O amor morreu na frente dos meus olhos e eu precisei de um beliscão da realidade pra me dar conta disso. 
Hoje arrombaram minha porta e minhas janelas.. Me invadiram de luz e eu reluzo. Hoje eu não tenho mais medo de me entregar, de me arriscar e dar a cara à tapa.. Vou pular, me jogar e deixar que o vento me leve. Tu mesmo dizia pra eu dar chance pra alguém novo, sair um pouco do ''casulo'' e nunca contar a nossa história pra alguém que eu estivesse realmente gostando. Mas a nossa história eu conto pra quem quiser ouvir, porque é o meu maior troféu.. Eu superei. Então se contar ou não, não faz a mínima diferença, pois eu tenho orgulho de poder encher o peito e falar "Isso passou, não me afeta mais."
A partir de hoje o mundo vai conhecer uma nova Bárbara, uma versão bem melhorada de mim.. Eu achava que pra voltar a ser feliz e me sentir bem comigo mesma eu precisava de um novo amor, mas mais uma vez eu estava errada, eu precisava era esquecer o antigo e eu esqueci. Agora eu estou aberta pra conquistarem o meu coração, aberta pra dar e receber o amor. Qualquer tipo de amor, porque eu tinha me fechado para o sentimento em si. Nunca é tarde pra recomeçar e hoje eu irei começar do zero. E antes de eu descobrir que esse sentimento já tinha morrido, eu já estava me permitindo e permitindo que alguém se aproximasse. Hoje eu sorrio de verdade, hoje eu ando leve, e estou irradiando uma luz forte.
Não vou dizer que não tenho nenhum sentimento por ti e que é como se tu não tivesse existido, porque isso seria mentira, tenho por ti um carinho imenso, te desejo tudo de melhor na vida, que tu encontre a mulher certa pra ti, que te faça sorrir e que não precise ser o dia inteiro, mas pelo menos todos os dias. Que tu conquiste o mundo, ame imensamente e aceite esse amor. Se um dia precisares de alguém pra conversar, podes me procurar, serei um ótimo ombro amigo mas nada além disso. Te desejo toda a felicidade do mundo, te desejo tudo o que eu desejo pra mim. 
Tenha uma boa vida, desejo também que as nossas estradas não se cruzem mais e que a gente nunca se queira mal, apenas saibamos aceitar que o nosso tempo já passou. 

Bárbara Martins.