08 maio 2015

O amor pela escrita

Aquilo que sai de mim como um furacão, devastando tudo o que vê pela frente. Aquilo que eu faço por amor, por prazer, por tesão, por vontade. Escrevo pra não enlouquecer, não sufocar, não engasgar, não me deixar sucumbir. Escrevo pra não asfixiar, não explodir, não implodir, pra continuar respirando. Escrevo porque é isso que amo. A escrita é a minha maior fonte de energia. E eu vim ao mundo para ser lida.

Mas escrever é ter coragem. Coragem para gritar aos quatro cantos tudo o que está sufocado. Escrever é ter coragem de expor ao mundo, a alegria explosiva em colocar pra fora o que a imaginação berra aqui dentro. Escrever é se auto ler e se auto interpretar. Deixar que a euforia da imaginação exacerbada, seja admirada por outros olhos. Escrever pros outros é ótimo, mas escrever para si é melhor ainda. 

O sentimento quando se tem um bloqueio e não sai nenhuma linha se quer, é desolador. Mas ai é só ler alguns textos, ouvir certas músicas, ver coisas inspiradoras, que em questões de segundos aquilo te invade e vai tomando conta de ti, e quando se percebe já está na vigésima linha, com uma inspiração absurdamente assustadora. E esse é o melhor dos sentimentos, causa uma alegria inimaginável. 

Quem escreve fica em êxtase com cada linha escrita, cada frase bem formulada e cada trecho que se deixa tocar na alma. Cada elogio recebido que chega tímido, mas que por dentro o auto ego se vangloria de orgulho. Escrever pra mim é uma droga, das fortes, daquela que trava, que me leva à lugares surreais e que só de imaginar ficar um dia sem escrever, me causa uma abstinência terrível.

A escrita impregnou no meu corpo, nos meus poros e na minha alma. Tomou conta de mim e me dominou por inteira. Eu gosto da sensação que a escrita me oferece, que me transporta para mundos mais suportáveis, que me desperta sentimentos cheios de amor e me proporciona uma paz jamais sentida. Escrever está ligado com o amor, com a paixão, por mais que eu escreva sobre morte, eu ainda estarei escrevendo por e sobre o amor. 

Porque são esses amores ao longo da vida, que me fazem escrever sobre essa paixão incontrolável, esse desejo incessante, essa loucura que consome e esse amor milenar pela escrita. Para quem escreve, os textos são pedaços de si mesmo. É como arrancar lá do fundo, cada pedacinho que incomoda e suplica para ser repaginado. É deixar fluir pelas mãos, uma vida e um mundo novo. 

É remodelar, recriar e reinventar histórias. É contornar as cicatrizes, tapar os machucados e preencher os vazios. É permitir tudo aquilo que está reprimido. Escrever vai além do que se pode enxergar, a gente nunca ta sozinho quando escreve. Estamos compartilhando um universo pessoal, para várias vidas. Ofertando um lugar melhor, onde seja um ponto de união para todos os que se sentem sozinhos. Escrever é curar a solidão do mundo, o mundo que existe em cada pessoa. 

É por essas e outras, que a escrita sempre estará em primeiro lugar na minha vida. Não adianta pestanejar ou contestar, é isso e pronto. Eu vivo sem qualquer coisa, mas eu não vivo sem escrever. Sorte de quem tem um escritor em seu cotidiano e pode ter o privilegio de ter os dias mais leves e suaves. Escrever é por pra fora, o que a alma suplica e a boca não tem coragem de dizer. 

Bárbara Martins.

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