09 maio 2014

Apesar dela ser do avesso, o que ela precisava era de amor.

Andava imensamente esgotada. Tinha desinteresse por tudo e queria o mundo ao mesmo tempo.
Era complicada, complexa e completamente encantadora, do jeito atrapalhado dela. Tinha um modo diferente de ver e encarar o mundo, era desconfiada até com a própria sombra. Tinha mil sonhos, desejos e planos. Gostava das coisas simples e descomplicadas, não dispensava uma boa cerveja e escrevia por amor.
Não se permitia sentir, tentava criar muros, barreiras e muralhas.. Tinha uma pose de ''nada me atinge'', era um furacão, uma tempestade. Por fora era tão durona, independente, firme, segura.. Mas por dentro, era delicada como uma rosa, sensível, e tinha um charme na loucura dela. Pra lidar com ela exigia bastante paciência, era difícil, exaustivo demais, mas valia o esforço.
Nunca gostou muito das pessoas, achava todos muito sem graça, sem atrativos e iguais e era isso que fazia ela ser diferente. Ela era diferente em cada gesto, cada detalhe. E por por ser assim, ela encantava muitos sem ao menos conhecê-los pessoalmente, ela os atraia sem fazer o mínimo esforço, tudo ia fluindo naturalmente. Com ela não tinha frescura, medo, desculpas.. Ela se jogava de cabeça, gritava, brigava, era 8 ou 80, tudo ou nada, intensa demais.. Se existe uma palavra no mundo que poderia definir ela, era essa.. Intensa!
O cara pra acompanhá-la, tinha que ser muito enérgico e tinha que ter uma boa capacidade para ouvir, porque ela adorava falar, falar e falar.. Ela era a base de muitas pessoas, guardava os problemas dela no bolso e ia cuidar dos problemas dos outros. Vivia do jeito dela e não queria agradar ninguém, falava mesmo, tava nem ai, chutava o pau da barraca, se escabelava, pulava e berrava. Por ser tão intensa assustava muitos, mas de vez em quando aparecia um corajoso que estava disposto a tentar resolver essa equação que era ela.
Ela sentia tudo tão intensamente, não sabia odiar pela metade e muito menos amar pela metade. Não se contentava com o pouco, com o mais ou menos, com respostas vazias. Gostava de quem chegava na hora, falasse na cara e de quem se arriscava. Apesar de todas as magoas e remorsos que ela carregava, era despretensiosa, leve, estava sempre de bom humor e ria, ria muito, por qualquer coisa. Tinha conflitos internos, segredos, e lutava contra os próprios demônios, mas mesmo assim precisava de alguém, por mais que negasse isso infinitas vezes, pra ela mesma. Precisava de um cara que tentasse entendê-la, e que nunca tentasse ser ''dono'' da liberdade dela. A liberdade era tudo o que ela tinha. Ela não queria se sentir presa, sufocada, vulnerável, por isso afastava todos que demonstrassem o mínimo de interesse. Essa mulher era uma fera indomável, mas nada que um pouco de paciência e atenção não fizessem com que ela, baixasse a guarda e cedesse.. Ela precisava que alguém à descobrisse e visse através dela, que tivesse a capacidade de enxergar o que ninguém até hoje enxergou, que apesar dela ser do avesso e de como ela embaralhava a vida e os textos, o que ela realmente precisava era de amor.

Bárbara Martins.

Um comentário:

  1. Olá Bárbara! Engraçado, ando bem assim. Parabéns pelos textos, me vejo em boa tarde deles, não duvide.

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