Eu precisava desse tempo longe de tudo e de todos. Precisava de um momento só, precisava cuidar de mim em primeiro, pra depois pensar nos outros. Era como se todos sugassem minhas energias, drenassem meu sangue e me deixassem em um canto.. Eu sou fraca, eu não consigo mais carregar o mundo dos outros nas minhas costas, eu não consigo mais ajudar ninguém. A única coisa que eu quero, é manter distância, de todos eles.
Cada dia que passa é como se eu estivesse desmoronando, perdendo uma parte minha, uma parte da minha essência, uma parte de quem eu sou. Eu tenho que manter as pessoas à distância, porque eu me acho uma pessoa ruim e ninguém merece um fardo como eu. To cansada de guardar tudo pra mim e me sufocar. Eu não sei do que eu preciso, não sei pra onde ir, o que fazer, que caminho seguir.
O que me assusta é o fato de eu sentir tanta dor, que eu não consigo sentir nada além disso.. Porque pra estar sofrendo, não é necessário estar chorando pelos cantos. Eu sufoquei tanto ódio, rancor, magoa, que eu simplesmente matei tudo o que tinha de bom em mim. O brilho nos olhos? se apagaram, o coração acelerado? ta parando.. Eu preciso me encontrar de novo, saber quem eu sou, o que eu quero, saber pra onde ir e pra isso eu preciso cortar todas as cordas que me prendem ao passado e colocar ponto final aonde tem vírgulas e reticências. Eu quero seguir em frente, mas preciso fazer isso sozinha, por mim e por mais ninguém. Eu me fiz forte pra muitas pessoas, e por dentro eu estava cada vez mais fraca, então agora eu não vou olhar pra trás, está na hora de cada um caminhar com as suas próprias pernas. Isso não é por maldade ou egoísmo, é uma necessidade. Sinto como se o meu tempo estivesse se esgotando e até hoje eu só sobrevivi, não fiz nada que fizesse o meu coração realmente querer saltar pra fora do peito.. Então vou usar o tempo que me resta, pra fazer as coisas por mim.
Eu não preciso de ajuda, de conselhos, de frases de auto estima.. Eu só preciso ficar sozinha.
O sofrimento consegue ser libertador e liberdade é a única coisa que eu preciso.
Bárbara Martins.
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