03 setembro 2014

Fundido com o vazio.

Se eu pudesse dar um conselho para todas as pessoas do mundo, seria esse: 
Se permitam sentir, sempre! Qualquer coisa, por menor que seja é melhor do que um vazio. Qualquer vestígio de sentimento é melhor do que nada.  
Falo isso por experiência própria, de alguém que hoje em dia só restam cinzas. Alguém que foi fundido com o vazio. Ah meu amigo, isso é terrível. 
Não conseguir se chocar com nada, se emocionar, se atingir, se abalar, não conseguir derramar uma lágrima, nem que seja de raiva. Isso consegue ser mais devastador, que a pior das dores. Tu vai pro fundo do topo e é aqui que você começa a se encarar e se questionar sobre a sua própria essência. Quem eu era antes disso? Quem sou agora? Só que é tarde demais pra voltar atrás e não há uma ponta de esperança. Talvez até haja, mas preferimos ignora-lá e acreditar que a companhia dos próprios demônios é o que mais convém. E quem pode dizer ao contrário? quem vai estabelecer essa norma? Eu que não.
Seria hipocrisia da minha parte dizer que gosto disso, que gosto de conviver com esse vazio cheio de tudo mas eu me acostumei com ele. Aprendi a bloquear tudo isso e ignorar as partes boas. Aprendi a viver nessa linha tênue entre tudo e nada. Aprendi a conviver nesse paradoxo, nesse universo paralelo. 
Eu to ''feliz'' assim. Opa! Felicidade já seria um sentimento, não? Depende do ponto de vista, eu considero como um estado de espírito mas não que eu sinta isso. Pode até soar um pouco masoquista, mas a dor é a forma mais próxima que poderia me fazer sentir algo ou que poderia fazer eu esboçar alguma reação. Me tornei sombria, quase invisível aos olhos dos outros. E espero que continue assim. Mantenham-se afastados, deixe-me aqui no meu canto, não me incomodem e não mecham com a falta dos meus sentimentos.
A falta de sentir pode levar uma pessoa à beira do abismo. Não sinto mais nada, simples assim. Não sinto raiva, nem rancor, nem felicidade ou amor. Só um eterno vazio ecoando.
Por favor garçom, me conceda um último gole, uma última tragada, um último adeus, obrigada. 

Bárbara Martins.

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