07 agosto 2014

Agora o abismo me encara de volta .

Eu não sei aceitar nada pleno na minha vida.. Não consigo deixar que nada realmente bom, penetre na minha alma. Mesmo que seja conturbado e tire a minha paz, eu preciso de algo que me desatine, me quebre, me desestruture.. O complicado pra mim nunca é o suficiente, não me basta. Eu me apeguei aos sentimentos mais repulsivos imagináveis, que sempre que algo bom aparece na minha vida, o meu primeiro instinto é fugir. Eu gosto de sentimentos perturbadores, eu não posso conviver com a plenitude, com a calma, com o passivo. Só que ultimamente eu conheci um outro tipo de sentimento, que as únicas palavras que eu consigo achar pra expressar são: Terrivelmente maravilhoso. Eu desconhecia esse meu lado bom, esse lado onde eu podia me permitir sentir algo.. Só que isso fez com que eu desejasse voltar correndo pra minha escuridão e pro meu vazio. Eu estou aqui, mais uma vez encarando o abismo que me tornei, só que não é como das outras vezes, porque agora ele me encara de volta. Não me reconheço mais, me perdi tentando achar o caminho de volta à lugar algum. Me perdi quando eu transbordei de amor. Tentei me reanimar diversas vezes mas meu coração insistia em parar de bater e congelar. Parei de viver, enquanto eu ainda estava com vida. Quando chegamos ao fundo do poço, temos que nos apegar à algo, qualquer coisa, só pra aguentar e conseguir sobreviver mais um dia nesse inferno. Quando estamos lá, somos obrigados a encarar o nosso próprio reflexo e na maioria das vezes, acabamos nos apegando ao que tem de pior, até que um dia, quando menos percebemos, fomos consumidos e fundidos com isso. Eu me tornei ódio e vingança e não tem amor no mundo que faça eu abrir mão disso. Perdi o que eu mais presava, que era a minha essência. E agora, o que sobrou?

Bárbara Martins.

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